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FUNDAMENTOS DA ARTE CURA - Em confecção
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ESTUDOS SOBRE FLUIDOS

Médium: Sr. Bez.

Espírito: Cláudius

Presidente: Sr. Peyranne

PRINCÍPIOS GERAIS

Sessão de 17 de abril de 1866 - Nada na natureza poderia existir sem fluidos.

Os fluidos são, pois, o elemento capital, o elemento único pelo qual tudo vive, se agita, cresce, se desenvolve, declina, se decompõe para nascer de novo sob uma nova forma cada vez mais depurada, cada vez mais graciosa, cada vez mais próxima desse ideal que, ele próprio, cresce à medida que cresce a inteligência, que é a única que pode concebê-lo.

Estudar os fluidos é, portanto, estudar a própria natureza em sua essência, em seus princípios primordiais; estudar os fluidos é estudar a causa de todas as causas, o mecanismo primitivo, aquele que engendra todos os outros mecanismos; é numa palavra, atingir o mais fundo dos mistérios mais obscuros da criação; é lançar um olhar investigador até os mais profundos recôncavos da vida essencial da natureza.

Limitar-me-ei hoje a enunciar alguns dos princípios gerais que regem os fluidos, com a condição de desenvolve-los mais tarde e de tirar deles todas as consequências possíveis.

Assim como há uma causa primeira, causa inteligente por excelência pela qual a tudo que é deve sê-lo, da mesma forma há um princípio material primeiro e único, causa material por excelência, da qual tudo que é, fora do princípio inteligente, tira os átomos materiais que formam a matéria. A fim de facilitar-lhes a concepção dessas coisas que a inteligência do espírito, mesmo o mais avançado, não pode conceber senão pela indução e pela comparação, chamaremos de fluido universal esse princípio material de que são formados os corpos que enchem os mundos.

O fluido universal: eis a fonte inesgotável da qual o Criador de todas as coisas tira sem cessar os elementos necessários para a criação.

Sob sua mão inteligente e toda-poderosa, o fluido universal se subdivide em uma infinidade de fluidos distintos uns dos outros por sua densidade, por sua afinidade, por suas propriedades diversas. Tais são o que não é outra coisa senão um fluido, o fluido imantado, e uma multidão de outros cujos efeitos se produzem sem cessar aos olhos de vocês, sem que vocês tenham a mínima percepção disto, e da combinação de todos esses fluidos entre si, de suas misturas, de sua atração e de sua repulsão uns pelos outros são formados todos os corpos materiais que os olhos de vocês vêem, que suas mãos tocam, que sua audição escuta, que seu olfato pode cheirar, que seu paladar pode saborear.

E, da mesma forma que esses corpos materiais que caem sob a apreciação material de seus sentidos, da mesma forma essa infinidade de corpos fluídicos, materiais também, mas cuja matéria depurada escapa à imperfeição de seus sentidos ainda bastante grosseiros, da mesma forma esses corpos etéreos, invólucro da alma que é tão pura, tão imaterial quanto a própria alma mais elevada, da mesma forma todos os corpos perispirituais são também, apenas compostos desses fluidos, combinados entre si nas proporções diversas cuja lei conhecem apenas o Mestre da criação e os espíritos ultra-superiores delegados por ele para presidir a obra sem cessar renascente e sempre inacabada da criação ao infinito no infinito dos mundos.

Assim, pois, um único princípio de onde provém tudo que existe, um único corpo simples de onde são formados todos os corpos que enchem o infinito dos universos, eis a grande lei da criação.

A pedra filosofal...  ... como o é o hoje para as inteligências celestes que se dedicam todos os dias e em todos os momentos a pô-lo em prática.

Não me foi permitido, porque os tempos ainda não vieram para a nossa Terra, entrar nos detalhes mais íntimos dessa importante questão, mas acreditei dever traçar-lhes, de maneira rápida, o quadro que acabo de ditar.

E vou estudar agora com vocês algumas das propriedades dos fluidos qyue nos são menos desconhecidas e cujos efeitos vocês são freqüentemente chamados a ver desenvolver-se diante dos olhos..

 

Sessão de 24 de abril de 1866 - Como todos os corpos são apenas compostos de fluidos, é evidente que os fluidos são os agentes mais poderosos de que nos servir, seja para deteriorar, seja para regenerar os corpos.

É por isso que os fluidos, embora não tenham podido ser ainda analisados pela ciência humana, produzem esses efeitos imensos que o homem se limita a constatar, por que não pode explicá-los, e muitas vezes obedecendo a essa influência secreta que o leva a atribuir a poderes sobrenaturais tudo que não entende e que, por isso mesmo, lhe parece sobrenatural, ele atribui ao Diabo ou a seus acólitos, a Deus ou a seus anjos, os efeitos que são apenas efeitos dos fluidos sobre a matéria.

Daí os efeitos tão curiosos em sua variedade sem cessar renascente do fluido elétrico, quando, em conseqüência do choque dos princípios negativo e positivo que se encontram dentro de si, ele produz a chama terrível que derruba, quebra ou então mutila, segundo seus caprichos mais inconcebíveis, os objetos quaisquer que sejam que se encontrem em sua passagem.

Mas o que menos ainda se compreende nesses efeitos extra-ordinários dos fluidos são os agentes que os dirigem, que os combinam, que os utilizam, enfim, para produzir esses fenômenos maravilhosos caídos no domínio da indiferença, por isso só é que eles produzem todos os dias e em todos os lugares.

Esses agentes inteligentes, já que imprimem aos fluidos uma direção inteligente, não são senão os Espíritos.

Espíritos de todos os graus - Espíritos superiores encarregados pelo ser supremo dessa direção e por ordem dos quais esses fenômenos se reproduzem, embora provenientes de uma fonte única, com uma variedade que os torna aptos a servir às intenções do Criador que deles se serve para as provas e as punições dos homens.

Espíritos inferiores de todos os graus que, como operários obscuros pouco inteligentes, desbravam terrenos e manipulam princípios cujas riquezas e propriedades ignoram.

Eis porque os Espíritos são os maiores manipuladores dos fluidos e eis porque também, como veremos na sequência deste estudo, os espíritos que utilizam os fluidos para operar sobre as matérias, com o objetivo de curar as doenças da matéria, obtêm sucessos de que os médicos terrestres nem podem ter idéia, ainda que aproximativa, de tal modo os remédios fluídicos são superiores aos remédios materiais que eles empregam freqüentemente como cegos.

 

Sessão de 22 de maio - P. O fluido universal que você expõe como corpo simples não seria antes um corpo composto, já que se pode decompô-lo e fazê-lo sofrer certas transformações?

 

  1. Como todo corpo (o invisível é um corpo também já que não é senão invisível senão por causa da imperfeição dos órgãos visuais de vocês) como todo corpo o fluido universal se compõe de moléculas composta também de átomos.

É pela maior ou menor quantidade dessas moléculas e desses átomos e pela ação operada sobre eles sob a direção dos operários de Deus, pelo calor, pela condensação e por alguns outros agentes que são desconhecidos por vocês e que tomam sua essência na própria natureza do espírito, isto é na vontade, que se produzem de uma fonte única uma multidão de fluidos ou de corpos diferentes que, por suas combinações uns com os outros adquirem propriedades dessemelhantes e freqüentemente opostas radicalmente umas das outras e formam também todos os seres materiais da criação.

  1. Será permitido um dia ao homem analisar os fluidos e tirar deles algumas conseqüências como fazem os espíritos errantes que nos são hierarquicamente superiores?
  2. É claro, por que não? Quando os homens sobre a Terra tiverem atingido um grau de avanço e de depuração que os tornar iguais a esses espíritos que você fala, e quando a Terra aperfeiçoada e depurada também oferecer à sua ciência elementos menos grosseiros e mais maleáveis.

 

Sessão de 12 se junho. – Depois do exposto rápido que acreditei dever fazer-lhes dos princípios gerais que regem os fluidos, ser-nos-á fácil dar-vos conta, não só de sua ação, mas também de maneira como essa ação se exerce segundo a vontade daqueles a quem é permitido dirigi-la

Eis o magnetizador, por exemplo:

Usando fluidos que saem de seu organismo e posto em presença de um sujet cujo sistema nervoso muito impressionável é propício a receber esses fluidos e a agir segundo seu impulso, ele o carrega com força, faz passar de alguma forma sua própria vida ao corpo do sujet, identificando-se com ele, pesa até sobre sua inteligência, sobre seu ser pensante que ele força a distanciar-se, torna-se dono de seu corpo que doravante obedece impassível à menor de suas ordens.

Proveniente de seu perispírito, cuja existência mesma freqüentemente ele ignora, o fluido do magnetizador penetra , primeiramente, no perispírito do sonâmbulo, separa-o pouco a pouco do corpo que se torna quase isolado, separa-o pouco a pouco, se o quiser, do espírito que retoma seu curso em direção ao espaço, deixando longe de si, inerte, imóvel ou sob o domínio do magnetizador, o corpo que doravante não parece mais lhe pertencer. E, nessa situação, o magnetizador mostrará a esse corpo, que os fluidos submeteram à sua vontade, tudo  o que ele quiser mostrar-lhe, fará agir cada um de seus orgãos como melhor lhe aprouver, cansá-lo-á se quiser cansá-lo, largá-lo-á se quiser largá-lo,  fornecer-lhe-á terríves visões, pesadelos atrozes, ou o fará assistir a sonhos esplêndidos sem que, no despertar, isto é, depois que pela força da vontade apenas ele tiver dispersado todos fluidos e que o espírito tiver entrado em sua casa, o sujet tenha  conservado a menor lembrança do que acontecia alguns minuto antes. E se a contrário, ele quiser deixar-lhe a lembrança seja total, seja parcial agindo sempre com o socorro único de sua vontade, ele fará entrar o espírito no corpo antes de despertar deste, fá-lo-á assistir a tudo o que acontece e pela impressão profunda produzida sobre o perispírito lhe deixará no despertar uma lembrança de tudo que aconteceu. Ou, então, depois de ter facilitado, por meio de seus fluidos, a liberação do espírito, não querendo dominar o corpo e submetê-lo à sua influência, ele os deixará em relação um com o outro, mas permitirá ao espírito transmitir-lhe seus pensamentos, o resultado de suas impressões pessoais, a visão do que acontece a distâncias mais ou menos grandes, as noções científicas que ele pôde ter adquirido em existências anteriores e que no despertar dormem latentes em si. Ou então ainda lhe permitirá consultar espíritos livres completamente e transmitir suas respostas, suas opiniões e seus conselhos pelos órgãos desse corpo em aparência privado de vida.

O que faz o magnetizador com a ajuda do seu fluido, do fluido obtido em sua matéria (em seu corpo e em seu perispírito), o espírito livre pode fazê-lo também da mesma maneira com a ajuda de seu próprio fluido que ele obtém nessa matéria sempre mais depurada que você chama de períspirito. Daí, duas magnetizações, duas ações idênticas nos resultados embora provenientes de fontes diversas.

Tentaremos fazer uma paralelo entre elas na próxima ocasião.

Sessão 10 de julho – Assim como vimos em nossa conversa precedente, a ação do magnetizador sobre o sonâmbulo se exerce pelos fluidos provenientes do períspirito e do corpo daquele, agindo sobre o perispírito e o corpo deste, e essa ação adquire os caracteres da vontade que a dirige. Mas não é indispensável que o magnetiza dor esteja encarnado para operar sobre um sujet.

O espírito desencarnado pode agir da mesma maneira, só que, como não possui  corpo não pode gir fluidicamente sobre o corpo, e, porque não encontra nele os fluidos corporais necessários, tem necessidade de obtê-los no corpo de um encarnado disposto ad hoc e que você chama de médium. Esse médium pode ser externo ao sujet ou então o próprio sujet.

Obtendo os fluidos corporais no corpo do médium e os fluidos perispiríticos em seu próprio perispírito, o espírito magnetizador age, embora invisível, da mesma maneira que o magnetizador encarnado e os mesmos fatos se reproduzem.

Mas o magnetizador encarnado, agindo sobre o sujet, encontra freqüentemente obstáculos que não pode dominar e que lhe é difícil vencer, na maior parte das vezes, enquanto não descobre a causa deles. Apesar de sua vontade, apesar de seus esforços maiores, muitas vezes o sujet, por mais flexível que seja, repele sua ação, recusa-se a obedecer, ou, então, executa movimentos, faz aos não somente isolados da influência do magnetizador, mas ainda diametralmente opostos aos que ele tem a firme vontade de impor-lhe.

De onde vem isso? Qual é a força que vem opor-se a força? Qual é a vontade que combate e domina sua vontade? Eis o que o magnetizador animal não pôde compreender até aqui e eis que o espiritismo veio revelar a vocês.

É que os magnetizadores invisíveis, usando seu livre-arbítrio, vêm opor-se algumas vezes à magnetização dos encarnados.

É que os anjos da guarda, os guia dos sujets, reconhecidos confessos por alguns magnetizadores que, forçados, vencidos pelos fatos, pouco a pouco e com dificuldade saíram da animalidade para entrar na espiritualidade, vêem algumas vezes lutar contra a influência de homens que só pensam na matéria, procurando freqüentemente por meios materiais ilícitos, produzir fatos que não são permitidos produzir sem causar prejuízo às leis imutáveis da natureza e ao livre desenvolvimento das provas humanas.

Oh! Sem dúvida  foram necessárias lutas, muitas derrotas para que os magnetizadores conseguissem proclamar esta grande verdade: a existência de seres invisíveis para eles, visíveis para seus sujets; ajudando-os algumas vezes, combatendo-os muitas outras, e produzindo inteiramente fora de sua ação fenômenos de que não podiam dar-se conta.

Mas, enfim, alguns homens conscienciosos e amigos do progresso e da verdade superaram o temor do ridículo e corajosamente entraram nesta via; honra para eles que abriram à ciência grande estrada de onde vem a verdadeira luz e eu exemplo será logo seguido por todos os pesquisadores de boa fé.

Então todo um mundo novo virá revelar-se de alguma forma oficialmente ao seu mundo.

Então a ciência estará na verdadeira via, a via que conduz à verdade pelo progresso incessante que até aqui tem sido muito negligenciado porque quiseram sujeitar-se apenas às leis da matéria, desconhecendo assim, não só as leis do Espírito, mas também sua ação poderosa.

Sessão de 17 de julho

Como já vimos, o magnetizador encarnado ou espírito pode, por meio de seus fluidos guiados por sua vontade operar sobre o corpo de sujet, libertar-lhe o espírito e produzir os mil fenômenos do sonambulismo.

Essa faculdade tão bela, no entanto, é apenas uma fraca parcela das faculdades diversas que se desenvolvem com o socorro dos fluidos e, entre elas, a mais bela, porque é também a mais útil, a mais caridosa, é a faculdade de curar doenças diversas que vêm afligir o corpo do homem.

Como já lhes disse no começo deste estudo, tudo que é matéria provém de uma causa única, de um princípio único, cujos diferentes corpos são apenas diferentes manifestações. Com os fluidos primitivos que entram nos princípios desses corpos, é, então, possível modificar a matéria, restabelecê-la, apressar-lhe a dissolução, seja a reconstrução. É, então possível, (fenômeno sublime que deixa bem para trás os alambiques e retortas da ciência), é então possível proceder pela análise e pela síntese exatamente como se pode fazê-lo (e muito melhor, quando se tiver podido conhecer o manejamento dos fluidos) exatamente como se procede num laboratório de química.

E não vá se revoltar contra o impossível: esse fenômeno, por mais espantoso que seja, não é nada de novo; desde os tempos imemoriais ele produziu-se sobre a Terra, embora os homens privilegiados pelos quais ele se produziu não tiveram consciência dele, na maior parte dos casos pelo menos.

É em consequência da aplicação da lei que rege os fluidos que se realizaram todos os fatos chamados milagres e negados pela ciência que, desconhecendo essa lei, a lei que eles obedecem, osrejeita como sobrenaturais, pretendendo, com justa razão, que o sobrenatural não existe.

O erro provém precisamente do fato de que a ciência muito orgulhosa repele tudo que não compreende, em lugar de procurar as causas e relega à categoria das loucuras ou das imposturas tudo aquilo de que não pode dar conta; e, no entanto, se se negar fatos atestados pela história não seria necessário também negar a história? Se se negar fatos atestados por milhares de testemunhas, não será necessário olhar essas testemunhas como impostores ou loucos e repelir igualmente seu testemunho desses fatos que eles vêm afirmar? Ao lado dessa pretensão orgulhosa dos sábios, encontramos também as pretensões mais orgulhosas ainda dos místicos.

Estes não lamentam os fatos considerados milagres, mas sem procurar-lhes as causas, como os outros, eles os relacionam todos aos poder de dois seres sobrenaturais aos quais atribuem seus caprichos, segundo sua visão e no mais das vezes, infelizmente, segundo seus interesses.

Os que servem sua causa vêm diretamente de Deus ou de seus enviados. Os que parecem, ao contrário, querer combatê-los vêm diretamente do Diabo ou de seus enviados e depois... e depois...  tudo já está dito.

É assim que os milagres de Moisés ocorreram pelos poderes do Altíssimo, enquanto os dos mágicos do Faraó eram apenas fruto dos gênios infernais.

É assim que os milagres de Jesus e dos primeiros cristãos eram o sinal resplandecente da redenção do mundo, enquanto os de Apolônio de Tiana, das Sibilas, dos Espíritos de Píton e dos numerosos oráculos consultados pelos pagãos eram devidos apenas à raiva do Diabo se debatendo com angústia contra  reino da verdade que começava a estabelecer.

É assim que na Idade Média os santos e as santas eram bem aventurados e atraiam a multidão em piedosas peregrinações, enquanto os feiticeiros eram supliciados e despedaçados nos calabouços da Inquisição e vinham alimentar as chamas das fogueiras.

É assim que, finalmente nos dias atuais, todos os fenômenos, todos os milagres dos espíritos são atribuídos ao príncipe das trevas, enquanto os milagres dos ritos que se dizem ortodoxos procuram ficar cada vez mais protegidos. E não se dá nenhuma atenção à imutabilidade de Deus, que não tem dois pesos e duas medidas, que não faz uma lei para os anjos, outra para os diabos, e não se pensa que todos esses fenômenos idênticos em seus efeitos devem sê-lo também em suas causas.

Por isso, deixando de lado essas opiniões estabelecidas apenas pelo espírito de casta e de partido, vou esforçar-me para desenvolver para vocês a lei que rege todos esses fenômenos e, demonstrando-lhes a ação dos fluidos sobre a matéria, explicar como se operam os milagres.

 

Sessão de 14 de agosto de 1866: Como lhes disse acima, os espíritos são os grandes manipuladores dos fluidos; encarnados ou livres, eles são os agentes de que Deus se serve para exercer sua ação na criação.

Os milagres, injustamente chamados assim porque são, dizia-se contrários às leis da natureza, são manifestações da  ação de Deus sobre as coisas da criação, mas longe de serem operações sobrenaturais, são operações naturais simples como as que se desenrolam diariamente diante de vocês, só que as leis a que eles obedecem escapam ou escaparam até aqui à nossa investigação.

Os fluidos, suas combinações, sua ação sobre a matéria são a chave dessas leis. Por isso disse eu em alguma parte, com muita razão, creio que a ciência dos fluidos é a ciência do progresso, a ciência do futuro.

Os espíritos que manipulam os fluidos são, vocês sabem, encarnados ou livre; quando estão encarnados, sua ação visível em parte contribui ara lançar sobre a sua pessoa um brilho que, infelizmente, o bom senso ainda muito restrito  da humanidade não lhe permite suportar, e vocês são levados a fazer desses homens semideuses, muitas vezes até mesmo deuses.

Quando esses espíritos são livres, o fascínio é ainda maior, porque não conhecendo a causa invisível que produz esses fenômenos surpreendentes, vocês são levados a olhar com veneração os objetos, simples instrumentos passivos que obedecem a essa causa. Oh! aberração do Espírito humano! É assim que tantas vezes te vira rebaixar-te até adorar estátuas que andam, quadros que falam, imagens que choram ou que deixam escorrer sangue, e atingido por esses fatos estranhos para ti, porque não os conheces, tu não pesquisas a causa, tu te avilta até os últimos limites do absurdo em lugar de te elevares pela ciência e pelo conhecimento de ti mesmo para Deus, a fonte de toda ciência e de toda virtude.

Existe uma terceira categoria de espíritos que, embora não tenham nada com a realização dos milagres, desempenham aos olhos dos homens um grande papel e sobre os quais quero também me deter por um instante.

São esses espíritos encarnados cujos corpos, dotados de fluidos necessários fornecem aos espíritos livres ou aos espíritos encarnados, operadores diretos, os elementos fluidicos que lhes são necessários para agir materialmente sobre a matéria; são esses encarnados, enfim, que vocês muito justamente chamam de médiuns.

Porque esses homens vêem seu corpo sofrer certas contrações, porque eles os vêem obedecer certas influências, e porque de sua boca ou de sua pena saem predições, conselhos, avisos aos quais sua alma é inteiramente alheia, eles são vistos como seres sobrenaturais e são adorados, durante a vida, tanto quanto depois de sua morte, sendo atribuído assim ao efeito o que deveria ser pela causa, sempre pondo os milagres na conta daqueles que não o fazem, mas servem para que eles sejam feitos.

(...) Para mim, Moisés, Jesus, Maomé, em muitas circunstâncias, Buda, Confúcio, Brama, Apolônio de Tiana, e vários outros sábios da Antiguidade pertencem à primeira categoria; espíritos encarnados operando milagres pela manipulação direta consciente ou inconsciente dos fluidos e que adoramos, atribuindo-lhes poderes sobrenaturais.

Os Deuses da Antiguidade, as mesas, as estátuas que reproduziam oráculos, as relíquias dos santos, as imagens sagradas, cujas emanações fluídicas operaram curas e das quais se faziam fetiches, amuletos que muitas vezes, infelizmente, fizeram esquecer Deus, pertencem à segunda: as dos espíritos invisíveis, manipuladores conscientes ou não, dos fluidos e que, não podendo atrair olhares, eram substituídos na adoração dos povos pelos objetos sobre os quais se concentrava sua ação...

 

ESPÍRITO CLAUDIUS

(Revue Spirte, Paris, XXXIII, 1890, março, pp. 77-87)

Em: JEAN BAPTISTE ROUSTAING APÓSTOLO DO ESPIRITISMO – JORGE DAMAS MARTINS, STENIO MONTEIRO DE BARROS