Criar uma Loja Virtual Grátis
A oficina VAN GOGH
A oficina VAN GOGH

A OFICINA VAN GOGH E SUAS POSSÍVEIS RELAÇÕES COM A EDUCAÇÃO INTEGRAL INTEGRADA

 

Luiz Carlos Ferreira de Barros Menezes

luizartemenezes@hotmail.com

 

Danielle Fernandes Brito

danielle_fernandes@globo.com

                       

Marcela Dias Lacerda

marcela_agape@hotmail.com

 

Resumo

 

Este trabalho enfoca a análise das atividades da Oficina Van Gogh de Desenho e Pintura, suas implicações com elementos de Metodologia Criativa, em diálogo com a Pedagogia Waldorf, o Pensamento Complexo em busca de uma Educação Integral Integrada. A pesquisa visa identificar de que forma a arte pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem em escolas de tempo integral, utilizando o desenho e a pintura como aliados na intervenção com os alunos. A pesquisa será realizada por meio da observação do funcionamento da oficina, buscando a solução do problema. Para tanto, foi efetuada uma visita à Oficina Van Gogh de Desenho e Pintura, que desenvolve um trabalho social com crianças, visando uma formação integral desses alunos. Esta oficina integra o projeto “Casa da Arte’, do Instituto Oficina de Arte, instituição religiosa de natureza cultural e social, localizada na cidade de Aparecida de Goiânia. O objetivo do trabalho é identificar e avaliar como a atividade artística de desenho e pintura contribui com a formação e promoção da autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Como resultado, foi perceptível notar que o uso da arte, como desenhos e pinturas, beneficiam não somente os alunos, mas também os professores que participam do projeto de forma voluntária.

 

Palavras-chave: Oficina de Arte; Didática-Complexa; Metodologias Criativas.

 

 

Introdução

 

Os desafios da educação contemporânea sugerem novos paradigmas. Um olhar sobre a historiografia da educação - percebe-se ao longo do tempo, como as práticas pedagógicas, o pensar metodológico, o fazer docente vêm se modificando para chegar na atualidade de um universo complexo, o que conduz a pensar que não há formas, mas que são possíveis articulações, em busca de metodologias criativas - que enfim possam desenvolver os objetivos da Proposta Político Pedagógica.

Nessa linha de pensamento busca-se contextualizar várias teorias, com destaque em Steiner (2015), seus objetivos de educar o indivíduo como um todo, emoções, físico e cérebro, em sentido mais amplo contemplando sentimentos, emoções, vivência e estética.

Tais elementos fundamentam e elegem uma Educação Integral Integrada. A estes elementos somam-se as “Múltiplas Inteligências” de Gardner, os poderes de intervenção do Docente, para enfim se chegar no “Pensamento Concreto” de Morin(2005), em diálogo com Steiner(2015).

Diante dos desafios de abandono familiar dentro do próprio lar, do ser pelo ser, a indisciplina, o desamor, a delinqüência, a violência surge como conseqüência imediata e a cidade e seus processos sociais, midiáticos, deveriam educar, mas, contribuem para um processo inverso na educação. Nesse aspecto a compreensão do homem como um todo, social, moral, ético e guiado por uma orientação estética sadia - encontra desafios e busca soluções em caráter urgentíssimo.

A partir de tais pressupostos a problemática da pesquisa é: Como a atividade artística de desenho e pintura contribui com a formação significativa e promoção da autonomia no processo de ensino-aprendizagem? O tema passa pela análise qualitativa de como a arte pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem em ambientes de escola integral a partir do exercício da arte do desenho e pintura na “Oficina Van Gogh de Desenho e Pintura”. O objetivo é identificar, avaliar no contexto de atuação da prática artística de tal oficina a prática pedagógica na formação do ser integral.

Do ponto de vista social destaca-se a relevância da pesquisa em função das hipóteses prováveis que busque soluções para a formação do indivíduo pleno, integral, capaz de perceber seu pertencimento e as possibilidades de suas intervenções positivas no meio em que ele milite.

Do ponto de vista científico justifica-se como estudo de campo que busque auxiliar na comprovação das hipóteses. Dado suas complexibilidades e riquezas metodológicas de apreensão da realidade - responde também para o enriquecimento que justifica o crescimento do pesquisador e sua vivência prática de um ano e meio de oficina, inserida em um trabalho com mais de 25 anos do Instituto Oficina de Arte ora no lume da pesquisa científica. A oficina Van Gogh de Desenho e Pintura foi criada por Menezes, há cerca de um ano e meio, no Projeto Casa da Arte, do Instituto Oficina de Arte, do qual também é um dos fundadores - criado em 31 de março de 1990 e institucionalizado em agosto de 2006.

Por se tratar de experiência de pesquisa no método indutivo e de natureza empírica partirá da observação do funcionamento da oficina em busca de comparação, a solução do problema. Concomitantemente à observação e a coleta dos dados, far-se-á o levantamento bibliográfico que ampare suas hipóteses.

Segundo Gil (2002, p.53):

 

o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio de observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar explicações e interpretações do que ocorre no grupo.[...]

 

Pretende-se através do método, a articulação de variados saberes e suas relações contextuais buscando sua finalidade múltipla: a Educação constituída com base no pensamento concreto de Morin, práticas pedagógicas complexas em didática complexa e se dará com base em comparação. O trabalho de campo será desenvolvido em uma Escola de Tempo Integral em que não haja aula de arte no processo, posteriormente observar-se-á o quotidiano dos momentos da Oficina Van Gogh. Morin (2005) analisa o pensamento dividido em conhecimento das humanidades e o científico, encontra-se por demais divididos, cada vez mais especializados - assim compartimentado carecendo da articulação de saberes para uma prática pedagógica que solucione os desafios educacionais. Neste sentido ressalta-se, de acordo com Morin, (2005, p. 59):

 

A cultura das humanidades fundamenta-se na História, na literatura, na filosofia, na poesia e nas artes. Em sua essência, ela transmitia a aptidão para a abertura e a contextualização. Além disso, favorecia a capacidade de refletir, de meditar sobre o saber e, eventualmente, integrá-lo em sua própria vida para melhor esclarecer as condutas e o conhecimento de si.

 

Para entender o processo de ensino e sua relação com as artes (desenho e pintura), é necessário contextualizá-la nos seus mais variados conceitos, ao mesmo tempo em que dever-se-á optar e esclarecer em que se sustenta a prática pedagógica, a metodologia criativa. Trata-se em verdade de praticar e entender através da realização da oficina, como aos mais variados e inusitados conhecimentos podem ser articulados de forma a se somar à uma educação  entendida como integral.

Neste sentido parte-se dos referenciais teóricos filosóficos de Huberto Rodhen (2.007): FILOSOFIA DA ARTE – A Metafísica da Verdade Revelada na Estética da Beleza e Tólstoi(2002): O que é Arte?

Tais articulações e diálogos são possíveis substanciados por Morin (2005, p. 38, 39):

 

[...] É totalmente deplorável que o mundo das humanidades principalmente o da filosofia, esteja geralmente fechado às ciências e, inversamente, que o mundo das ciências esteja geralmente fechado à Filosofia. [...] constata-se hoje, que um certo número de ciências se empenha em colocar na ordem do dia, o problema da religião.

 

Assim a Oficina articula elementos de um novo modelo de educação – rompendo com o tradicional, visando unicamente preparar o ser para aquisições outras, que não os conteúdos culturais mas em paralelo busca o equilíbrio do ser.

 

Resultados e Discussão

 

Entender arte como elemento integrante a um processo educativo implica situá-la conceitualmente, pois arte é por definição o que defina sua relação estética. Nesta proposta de entendimento ela compreende varias interpretações. Sua relação com a beleza surge no século XVI através de Baumgarten, conforme FERREIRA(XXX). A partir daí, se passa a pensar na arte como expressão de beleza. De qualquer forma há variadas concepções de beleza. Há também os que pensam na arte apartada de qualquer relação de beleza. Tal proposta não é alvo de considerações neste trabalho, mas se ocorre várias interpretações de estética a pergunta passa a ser, não o que é arte e sim, o que é beleza e quais as implicações com a arte?

Para Rodhen (2007 pg 32) arte é uma ação em que o artista está inserido nela, uma práxis grega. A beleza uma extensão do artista. O artista inserido em um Kosmos, um universo e ao mesmo tempo traz esse universo dentro de si como num holograma. Assim pensando só a beleza pode gerar a beleza.

Para Tolstói (2002), a arte tem a capacidade de transmitir do artista ao contemplador os seus sentimentos. Importa então em que elementos pode ele transmitir, eis a catarse, o controle das emoções, o aprendizado, o caminho educacional que o artista verdadeiro precisa trilhar primeiro em busca de si mesmo para revelá-lo e também comunicá-lo ao espectador.

Esta é a proposta de entendimento e ações da arte preconizada pelo Grupo Oficina de Arte, arcabouço ideológico em cujo bojo localiza-se a Oficina e potenciais educativos, laboratório de fazeres artísticos e busca da verdade, da catarse dos seus integrantes e suas relações em que são objetos contemplativos ao mesmo tempo em que os contemplam. Do ponto de vista educacional e relacional é a prevenção contra os valores negativos, as emoções, os sentimentos negativos, o conhecimento de si mesmos, a arte o criador a fonte, e o objeto criado, a beleza elemento de educação integral, de um homem que é razão, é força de trabalho, mas que é emoção e sentimento equilibrado em um processo ético, de um bem viver, comum a todos, não mais a cidadania grega mas a ampliação e o reconhecimento de que o ser humano é o cidadão.

 

Considerações Finais

 

O trabalho de campo ensinou o processo capaz de viabilizar articulações dentro da proposta de Educação Integral. Todos os educadores da oficina são voluntários e não recebem bolsas. A quantidade é suficiente, tanto que quando algum deles falta, o desenvolvimento do trabalho não é impactado. As ações são desenvolvidas em um galpão cedido por uma casa espírita, que serve e em muito ao exercício da oficina. Enquanto os oficineiros das escolas de tempo integral são obrigados a deixar o trabalho por opção de aquisição salarial. Em relação a conteúdo é voltado para a construção emocional, importante componente do ser, guardando relação com aspectos éticos necessários a uma educação integral. Nas atividades relacionadas à arte, todos os voluntários são engajados, não são formados, mas como autodidatas procuram ensinar aquilo que aprendem e buscam aprender aquilo que o aluno precisa, do ponto de vista individual do educando.

 

Referências

 

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª Ed. – São Paulo. Atlas, 2002.

 

MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios/Edgar Morin: Maria da Conceição de Almeida, Edgard de Assis Carvalho, (orgs) – 3. Ed. São Paulo: Cortez: 2005.

 

ROHDEN, Huberto. Filosofia da arte a metafísica da verdade revelada na estética da beleza. São Paulo: Martin Claret, 2007

TOLSTOI, Léon. O que é Arte?. São Paulo, Ediouro, 2002.