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A Muralha do Silêncio
A Muralha do Silêncio

Egito, Roma, Babilônia,

Os deuses aliados ao Vesúvio

Pretenderam vê-las, irados,

Sepultadas nas suas vaidades e orgulho,

Pretenderam transformá-las em poeira.

A tentativa fora vâ, não obtiveram êxito.

Reduzidas a pó a suntuosidade dos castelos,

Dos seus impérios e, destruídas as formas,

Os corpos, não destruíram as essências.

Os deuses impotentes vêem hoje as essências

Tomando novos corpos

Trazidos pela mesma poeira dos séculos,

 Mas ainda trajando as togas da vaidade.

Ocorre que a poeira aliada aos deuses mortais

Fê-las separadas por uma grande muralha:

 

– Por que se o coração se alimenta do que os olhos vêm,

 

E chora ao pressentir um espesso véu que faz cegos

Os que já não vêm, resta-lhe ainda a intimidade

E a linguagem do silêncio...

Mas quando o silêncio teima amotinar-se

Arvorando-se também mudo, estático,

Roga Estêvão à muralha:

 

- Fala-me dos arrebóis, das estrelas, do doce veneno... Entretanto, se a muralha também se revela impiedosa e muda, grafa-se-lhe em letras grandes,

Para que todos os transeuntes unam-se todos

N’um coro de vozes altas à mesma poeira dos séculos

Que os ensejará reencontrarem um dia

Despidos de vaidades e orgulho.

A escuridão cobre a Terra dos Homens.