Não sabes doce criança
O quanto me dói à alma
Quando passas a minha frente
E pisas com pés descalços
O piche negro e quente do asfalto
A cata do que comer ou furtar
Meus olhos se enchem de lágrimas
Orvalhados da certeza
De que não posso calar, acomodar...
Feito águia ou atroz soldado
Eu vôo na certeza
De que se depender dos meus sonhos
Não tornará um “pivete”, provável suicida
Ou apenas um número a mais no IML
Por que mesmo fechada à boca
Os olhos virão e as mãos não se calarão...[i]
[i] 2/11/1982