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Tristeza
Tristeza

Perguntas-me, se perdi algo.

Digo-te sim, perdi.

Perdi minha máscara de alegria

Que cobria minha profunda tristeza

E agora minha alma vê-se nua

Sem vestes ou risos...

 

Por que, como minha alma poderia sorrir?

Achando-se em pedaços

Presa ao jugo de tão pesada carcaça?

 

Perguntas-me se já não vejo mais brilhar o sol,

As estrelas a cintilar, a abóbada celeste,

Se já não ouço o cantar dos pássaros?

 

Digo-te sim, e vejo além.

Pois que maior consolo restaria senão a esperança,

De um dia resplandecer como o sol

E habitar  as estrelas?

Que bálsamo maior senão o de saber

Que embora um pássaro ferido de pequenas asas,

Possa voar livre na amplidão dos orbes?

 

Deixa-me com a minha dor,

Não tentes me consolar

Por que o consolo só virá

Quando a última gota de fel for destilada

E o veneno não mais existir.

Então minha alma encontrando sua máscara perdida

Vestindo-a poderá ser feliz...[i]

 

 [i] 02/1989