As Contradições de um Porto Seguro
A primeira impressão sentida ao se pisar as areias das praias de Porto Seguro é a de pequenez, depois de deslumbramento.
Posteriormente encontra-se a partir daí em sensação de plenitude.
Nossos poros se relacionando à natureza entram em estado de choque e se põem em guarda ante tanta beleza. Os pelos ficam eriçados. E o mar... O mar que há n'alma da gente ameaça em ondas invadir os limites de nossos espelhos...
O mesmo conflito das águas em pororoca se manifesta nos nossos corações e tolamente nos sentimos agradecidos ao Grande Arquiteto por pensar: "somos parte deste universo".
O êxtase somente é quebrado quando ouvimos vozes pataxós quase infantis:
- Moço! Compra um colar p'rá me ajudar... Ou então é alguém desses que transpiram generosidade afirmando: Vamos comprar que é p'rá ajudar a baianinha!
E a nossa subjetividade revela-se agora em ternura e desta vez os limites de nossos espelhos não se sustentam, as lágrimas antes discretas agora precisam irremediavelmente ser enxugadas.
É que a "esmola fere a mão de quem a recebe e também a de quem a oferta" e é assim que se sente: humilhado porque parece que o processo "civilizatório" nos colocou face a face em lados opostos, colonizados contra colonizados de tal forma que, de frente aos legítimos herdeiros é como se quisessem agora nos desnudar e sem direito à pintura ou a cocares.
Mas não são apenas pataxós. A eles se juntam as mais variadas etnias e culturas e nas suas brasilidades, tantas vezes excluídas parecem buscar nas suas consciências ou na inconsciência coletiva o "status" do guerreiro sem opção que não seja a de pertencem senão à marginalidade.
Neste aspecto o que foi chamado e considerado um "Porto Seguro" não nos parece tão seguro assim, embora o seja para alguns.
É assim que o sujeito misto de poesia e subjetividade percebe uma realidade pretendida, porém não alcançada de um mundo justo e melhor.
O sujeito agora é um "Sentidor" ao perceber a história que o homem constrói no papel incansável e indelével de se pensar um mundo melhor. Completamente desarmado ele se queda ante a realidade evidente demais...
E é como se o mar que existe n'alma da gente materializasse suas ondas de mar e sal. É como se a força das marés invadisse irremediavelmente os limites de seus espelhos...
Minha proposta ensaísta não é encontrar respostas aos questionamentos da realidade. Respostas são certezas. Os tolos têm certeza e o mais sábio e prudente é ter dúvidas.
Objetivo levantar discussão acerca do mito do Brasil paradisíaco e a realidade social atual por que passam os brasileiros, a partir da realidade social constatada em Porto Seguro na Bahia.
Em face do exposto a considero paradoxal na sua beleza e contraditória na sua problemática social.
Não partilho de verdades arquetípicas que a tudo explicam do ponto de vista capitalista - a partir do que se fecham para uma maior aproximação com a verdade.
Não tenho necessidade de explicações - quero discussão e tentativas de mudança.
Nesse sentido em princípio é preciso dizer que o Brasil, com todo o seu contexto desde o "descobrimento" é uma construção de portugueses...
Há os que preferem o termo "invenção". Considero preferível a ideia de construção e para tanto parto do pensamento de Caminha na carta onde ele dava conta ao Rei D. Manoel do paraíso e dos valores contidos nele:
"(...) Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé! (...)"
O pensamento do construtor português e também os objetivos religiosos na expressão de Caminha, não foram enfim cumpridos e o problema é o que foi feito com "esta gente".
Nesse contexto é importante buscar compreender por quais ações o processo se deu, inclusive através do morticínio dos donos da terra, bem como da escravização de milhões de negros que não apenas construíram com braços e almas o Brasil físico, mas que enfim culturalmente somaram-se de forma diversificada à formação de um povo incomum do ponto de vista étnico que enfim resulta do homem brasileiro da "Etnia Brasilis”. Não obstante, apesar da sua contribuição continuam como que alijados da sociedade, ao mesmo tempo em que é negada esta contribuição na constituição da civilização cultural que é o Brasil - soma de influências celti-ibéricas, romanas, lusitanas, portuguesas e toda influência indígena brasileira além das influências africanas.
Naqueles dias de abril no litoral atlântico, o deus-criador o sol, Maíra havia vencido as mais bravias ondas, manifestara-se através de suas gentes vindo beijar as praias do continente paradisíaco.
Assim é que o índio percebe a chegada do homem branco, de forma generosa no seu Universo em que consistia mais doar que receber.
A visão idílica do índio que percebe o colonizador como Maíra, o deus-sol criador, citada por RIBEIRO resiste pouco. Logo percebe os indígenas a hecatombe sobre suas cabeças.
Onde está Maíra? Estaria morto? Quando vê a destruição das bases de sua vida ao mesmo tempo em que ruem seus valores, deita-se o índio e morre de tristeza porque não vê expectativa de vida pela qual valha a pena viver.
Percebe a partir da pregação religiosa que lhe é imposta pelo etnocídio, a culpa pelo bom deus ter caído sobre as suas cabeças ameaçando lhes com o inferno.
O universo indígena das cunhatãs e curumins, aráras e temericós, recebe de braços abertos e civilizadamente o povo europeu, que sacando dos seus arcabuzes, impingem-lhes domínio em nome do seu deus.
Qual destas visões é a mais absurda? A do chamado incivilizado que crê o seu deus vencendo o mar inundando de luz um mundo já iluminado pela natureza e simplicidade? Ou a visão do civilizado que se crê delegado por Deus, superior pela unicidade para cristianizar o novo mundo? Onde a civilidade ou a incivilidade?
Estranha e paradoxalmente este homem branco investido de caráter divino, encarregado de semear a paz traz em si, o germe da destruição e da morte, desta forma uma simples gripe dizima tribos inteiras.
Neste universo de mundos opostos em que a característica principal é a existência de um paraíso real, mas que sofre interpretações diversas o português é admitido como parente, como irmão através das temericós, no cunhadismo, de nudez emplumada, plenas de vigor e beleza, além de um mundo rico a ser explorado - uma arena de louros e aplausos, ouros e glórias.
Por outro lado - o incivilizado - concebe-se usufrutuário das dádivas de deuses bons, concede-lhes corpos bons, capazes de andar, correr, nadar, dançar e lutar.
Concede-lhes ouvidos para ouvir alegrias e vozes, música de cantos graves e agudos e todos os sons existentes, bem como narizes capazes de perceber olores e odores, boca não apenas para criar comunicações e, sobretudo, havia lhes concedido corpos de sexos opostos, com a capacidade de se complementarem e de olhos capazes de distinguir as cores, a luz e a sombra.
Esta concepção não é apenas exclusividade da Terra Brasilis. Parece tratar de um pensamento extemporâneo comum a todos que amam a natureza, um exemplo disto é que pode ser encontrada na discografia chilena a guarânia, "Gráçias a La Vida" de autoria da musicista, ceramista, poetisa, folclorista e pintora Violeta Parra:
"Grácias a la vida que me há dado tanto
Me dió dos luceros y cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fuondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Grácias a la vida que me há dado tanto
Me há dado el oído que em todo su ancho
Grava noche y dia
Grillos y canários
Martírios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bienamado
Grácias a lá vida que me há dado tanto(...)
(...) Me há la marcha de mis piés cansados
Con ellos anduve ciudads e charcos
Playas y desiertos, montañas y lhanos(...)"
Durante milênios a costa Atlântica brasileira foi ocupada e percorrida por povos indígenas, os mais variados nos últimos séculos, porém foi ocupada por um número muito grande de tupi que habitavam ao longo da costa e também o rio Amazonas, Paraguai, Guaporé e Tapajós.
Estes povos da tribo Tupi falando línguas do mesmo tronco ou dialetos dessas línguas, sendo que cada povo quando crescia se dividiam em dois povos que a partir da divisão passavam a se desconhecer e se hostilizarem.
A proposta de Darcy Ribeiro é a reconstrução da história de um ponto de vista diferente que não seja a ideia que o civilizado europeu fazia dos índios brasileiros.
Os tupi embora um povo relativamente pacífico não se rende, reúne-se em confederações ainda que tenham sido efêmeras contra o invasor. A maior delas foi a dos tamoios.
Estimulada pelos franceses reuniu nos anos de 1563 1567 os tupinambás, os Goitacá, os Carijó e Aimoré.
Os lusitanos eram filhos de uma civilização muito velha e classista, dotada, sobretudo de um conselho ultramarino, que tudo fiscalizava, previa, ordenava e provia. Além desse coordenador outro merece destaque principal.
Era a própria Igreja Católica e toda sua repressão voltada para o tribunal do Santo Ofício. Esta civilização estava radicalmente representada pela cidade de Lisboa, associações lusitanas concatenavam esforços no sentido de buscar novas terras com a finalidade estrutural de criar, fomentar um único mundo a partir da regência européia.
A finalidade ideológica era carrear todo produto do saque ou produtos potenciais de geração de riqueza.
Iniciou-se o processo em que se extinguiriam milhares de povos, línguas e culturas para fazer nascer macroetnias maiores, mais abrangentes.
O processo civilizatório em todas suas implicações era o motor da expansão, faziam nascerem os primeiros estados nacionais, mas que não se sentiam gestores do processo assim procurando ideologias que os justificassem como expansionistas, mas do cristianismo e acreditando-se missionários pretendiam unir os cristãos divididos entre católicos e protestantes, aspecto em que o "branco" surgia como ideia Divina de uma só família cristã.
Mas, se não fora o cunhadismo como instituição social, a cultura brasileira inclusive com definições culturais de influência na atualidade brasileira, não seríamos o povo brasileiro que somos.
Comportamento sexual que enfim a Igreja Católica reprovava, mas fez-lhe fez vista grossa. Não é senão através dessas ações que vai nascer o homem brasileiro porque é a partir do cunhadismo que vai surgir uma camada de gente mestiça.
Dessa prática nasce - a proto-célula luso-tupi.
A expansão portuguesa no Brasil passou a ser então produto de brasilíndios, os mamelucos. Ele teve papel preponderante nas bandeiras, já que ele conquistou o desconhecido de pés descalços, em fila carregando tudo às costas.
E, não foi fácil tornar-se agente principal da história brasileira, porque enfrentaram a odiosidade dos jesuítas e a hostilidades dos Aimoré na Bahia, os Botocudo em Minas e tantos outros tapuias.
Esses ferozes brasileiros do início da construção desfechavam golpes de tacapes, varavam seus inimigos com lanças e quando fugiam matavam os que haviam sido capturados, para eles cativos não serviam porque adotavam os hábitos dos mamelucos. Já os Kaiapó atacavam lugares distantes, fazendo prisioneiros, sobretudo meninos e mulheres que incorporavam à tribo.
Era imperioso, entretanto, atravessar esses territórios hostis para alcançar tribos, bem como suas plantações de mandioca e milho. Além do mais eram dóceis e escravos.
Através da aculturação embora os índios tenham lutado para continuarem índios, foram então perdendo sua identidade, ainda que o índio permaneça um índio genérico, cada vez mais branco de cultura e comportamento.
Os negros que vieram para o Brasil vieram da Costa Africana, distintos em três grupos culturais.
O primeiro constituído por culturas sudanesas é representado pelos Yorubás - os chamados nagôs, Dagomey - chamados de Gegê e pelos Fanti-Ashanti, conhecidos como Minas.
Houve vários representantes de grupos menores da Gâmbia, Serra Leoa, Costa da Malagueta e do Marfim.
Um segundo grupo foi constituído de culturas afro-islâmicas: Os Peuhl, os mandiga e os Haussa do norte nigeriano chamados na Bahia de Malé e Alufá no Rio de Janeiro.
O terceiro grupo Congo-angolês, vindos da Angola e a chamada "Contra-Costa".
Seria ele o principal componente da mão de obra açucareira e apesar do seu aspecto "passivo cultural" teve importância crucial não apenas pela importância como massa trabalhadora, mas participante da amálgama cultural Brasileira através de introdução sorrateira, mas continuada onde tinge com suas cores mais fortes a Etnia Brasileira.
Uma grande diversidade de etnias africanas de línguas distintas ao lado da política que procurava afastar as revoltas, somada suas hostilidades naturais impediu a formação de núcleos que guardassem seus patrimônios culturais.
Dispersos na terra nova hostilizando-se e manifestando em línguas diferentes, o negro foi pouco a pouco se mesclando passivamente ao universo cultural da sociedade brasileira.
Pesa sobre a alma do brasileiro o estigma de uma cicatriz, disposta a reabrir a qualquer tempo no racismo cruel, apesar da doçura aparente ao mesmo tempo cruel que transmite de nós uma imagem de gente coitada, sofrida, mas, insensível e brutal.
Os núcleos neobrasileiros tiveram como população básica os brasileiros com aparência muito mais indígena que negra ou européia.
O idioma tupi foi corrente e substituiu predominantemente até 1740, embora a substituição da língua por imposição portuguesa tenha se completado no curso do século XVIII.
É provável que a identidade brasileira tenha nascido a partir da falta de identificação com o índio, já que no universo indígena brasileiro a mulher era tão pouco considerada, a ponto de se considerar o filho apenas do pai.
O mameluco não se identificava com o europeu por falta de identidade física e se ao menos parecia um pouco com o índio não podia ser identificado como filho de índio e sim europeu. Tal situação o vexava. Daí o primeiro brasileiro consciente ser o mameluco, este brasilíndio, mestiço em carne e espírito que não se identificava com os ancestrais indígenas americanos que ele não aceitava, nem com os portugueses ou europeus que o desprezavam, desta forma sente-se condenado a ser o que ainda não existia: O brasileiro.
Antes de ser brasileiros conscientes o fomos ainda que inconscientemente americanos.
É preciso resgatar, fundamentar a nossa identidade primeira, a de sermos americanos e latinos. Identidade que deve ser construída a partir de amálgama caracterizada de tantas diversidades culturais.
A gestão portuguesa de construção brasileira sofreu análise da historiadora Ferlini[i] na obra "A civilização do açúcar".
Em síntese o pensamento da autora afirma a sociedade brasileira como resultado a partir da colonização portuguesa, quando Portugal foi praticamente forçado por países europeus a decidir-se pela colonização por causa do desrespeito ao tratado de Tordesilhas, assim é que países como a França, Inglaterra e Holanda além da Espanha desconhecendo a autoridade Igreja Católica e das bulas papais lançavam seus corsários ao mar sem fim em busca do paraíso.
É possível que os brasileiros preferissem é claro a exploração do ouro e prata semelhantemente ao que acontecia às colônias espanholas, mas assim não aconteceu.
Portugal parte para a exploração da monocultura do açúcar por que ele já era a esta altura mercadoria bem cotada no centro europeu.
Escolhido o produto, o problema agora era o de mão de obra. A saída a partir do ponto de vista dos colonos portugueses era a importação de negros. Eles eram aptos ao trabalho porque além de especialistas eram mais "submissos", entretanto essa submissão podia ser observada através da coação e de violento esquema de punições.
A sociedade construiu-se em relação contraditória na interpretação de dois mundos diversos a partir da metrópole e da colônia, de um lado negando peremptoriamente o pensamento de Caminha e os objetivos da Ordem de Cristo, ou seja, esta negação acontece quando a metrópole faz do lucro o único sentido da colonização; e de outro lado a colônia e sua lógica interna da construção social e contraditoriamente a lógica externa de uma construção lucratícia.
Essa sociedade foi construída de forma autoritária, aristocrática e violenta. Sua economia baseou-se no escravismo, na produção açucareira baseada ma mão de obra escrava.
Construiu-se uma fidalguia de aparências de uma riqueza irreal porque os senhores do açúcar só percebiam 5% do capital investido. Vivia-se em torno da senzala e da casa-grande.
Marcada desde o início pela cruz, a religião católica foi instrumento de apoio para a dominação do negro e do índio e é claro não se respeitou suas culturas.
Esta consciência parece existir senão pelo menos em parte em alguns expoentes do pensamento e do sentimento humano, o que nos faz compreender de forma empática as emoções e sentimentos dos compositores que criaram a música “Fruto do Suor” de Tony Osanah e Enrique Bergen, na interpretação do “Raices de América”; e o que nos faz, não apenas brasileiros, mas nostalgicamente, americanos. Americanos Latinos.
"Fruto do Suor"
A terra nova era um paraíso
O milho alto e os rios puros
Dormia o ouro, a cobiça ausente
Era o índio senhor do continente
Foram conquistadores
Os africanos e os aventureiros
O índio altivo se mesclou ao escravo
Nascia um novo tipo brasileiro.
O interesse fabricou carimbos
O ódio à toa fabricou paredes
A baioneta desenhou fronteiras
A estupidez nos separou em bandeiras...
Tenho um filho desta terra
Foi um amor sem passatempo
Se o Gestar foi brasileiro
Não me chames de estrangeiro,
Cada pedra, cada rua
Tem um toque de imigrantes
Levantaram com seus sonhos
Um país que não tem donos.
O suor fecunda o solo
E a semente não pergunta
Brasileiro ou imigrante
Só o fruto é importante
Não me sintas forasteiro
Não me invente geografias
Sou tua raça, sou teu povo
Sou teu irmão no dia a dia...
Longe de pretender examinar todas as contradições da sociedade brasileira, utilizo-me do conceito de sociedade "antípodas" de Ferlini, ainda que a análise da autora qual vitória-aptera tenha permanecido às idéias do materialismo histórico.
É preciso fazer justiça à sua análise, nada melhor que este conceito, mas que não se aplica apenas à "civilização do açúcar". O constraste entre elementos contraditórios é presente em toda a história do Brasil. Para Ferlini os "antípodas" se tocam. Nada mais contraditório.
Assim quando da colonização a cruz (o amor no sentido cristão) faz par com a espada.
Eis o "antípodas" se tocando como Ferlini afirma.
A beleza do paraíso americano em par com a fealdade a injustiça social e permite que haja em um mesmo espaço miséria, pobreza e beleza. Novamente eles se tocam, convivem. A alegria, a musicalidade da alma coletiva brasileira que faz desta sociedade brasilis, talvez uma das mais ricas civilizações na atualidade do ponto de vista cultural na sua convivência antípoda: a tristeza de se mostrar preconceituosa, de não reconhecer no orgulho costumeiro seu valores, sua cor e sua beleza.
Carece este "Antípodas" de um herói. Mas onde se encontra este herói? Quando o homem perceberá em si que esta capacidade que ele procura e critica no outro está nele mesmo?
E é como se o mar que existe n'alma da gente materializasse suas ondas de mar e sal. É como se a força das marés invadisse irremediavelmente os limites de seus espelhos...
Referências:
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: SHWARTZ. 1995.
FERLINI, A CIVILIZAÇÃO DO AÇÚCAR (Séculos XVI a XVIII). São Paulo: Editora Brasiliense. 1998
RAÍZES DE AMÉRICA. Seleção de ouro. Direção Artística: Estúdio Eldorado.1988.
MERCEDES SOSA. 30 anos. Direção artística: Erne Reid. Poligram Discos. Argentina. Buenos Aires.1993.
[i] Vera Lúcia Amaral Ferlini