Diante de arames farpados,
Em trincheiras estive,
Ao defender um ideal que não conheci.
Vi meu sangue comum jorrar aos borbotões
Minhas entranhas serem expulsas...
Para que uns poucos
Ostentassem as medalhas da hipocrisia,
Fossem chamados nobres.
Minha alma deixou o corpo cansado,
Encharcado de sangue e terra,
Para ser homenageado por ideais desumanos...
Eu marchei, sob a chuva de pétalas,
Vermelhas e brancas.
Vi a bandeira da vitória,
Tremular no mastro do ridículo.
Eu me reuni...
Com meu quartel general
E sequer fui homem bastante
Para aceitar a derrota...
Eu fui a mãe que chorou a perda do filho,
A esposa grávida e os sonhos de lar cristão.
Eu passe fome e de sede,
Senti minha pele colar nos ossos,
Enquanto homens gastavam dinheiro
Para que se formassem
Assassinos legais em academias militares...
E... Apesar das tristezas e dores
Do ser humano eu sou a esperança,
De um mundo melhor
A Centelha de amor na união maior dos homens,
A alegria da igualdade e da fraternidade,
A esperança de tudo...[i]
[i] 07.05.85